dezembro 11, 2017

Histórico

Histórico

Foto cedida pelo jornal "A Tribuna", Santos (SP). Autor: Marcelo Justo, fev. 2007.

O estilo da construção do prédio do Museu de Pesca é denominado “eclético”, em razão de seu padrão arquitetural reunir características de vários estilos. Apesar de sua importância histórica, apenas em setembro de 1986 foi iniciado o processo para tombamento do imóvel junto ao CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo. Processo concluído quase treze anos depois, com o tombamento oficial do imóvel pela Resolução SC-40, publicada no Diário Oficial do Estado em 7 de abril de 1998.
A história do local onde hoje está instalado o Museu de Pesca começa com o antigo Forte Augusto, que cruzava fogo com a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (do outro lado do canal de entrada para o porto e o estuário, na Ilha de Santo Amaro), ambos pertencentes ao Ministério da Marinha. Tal fortificação, que entrou em atividade a partir de 1734, não passava de uma murada de pedra, armada com algumas peças de artilharia. O Forte Augusto acabou em ruínas, tendo sido desativado em fins do século XIX, quando ainda foi aproveitado como depósito de material bélico. Entretanto, em virtude da posição privilegiada à beira-mar, o local da antiga fortificação da Ponta da Praia foi apontado como área ideal para a construção da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Estado de São Paulo. Sob a tutela da Marinha, um imponente prédio foi erguido nesse local e a inauguração da Escola deu-se em 5 de maio de 1909, funcionando ininterruptamente até 1931, quando foi extinta por ordem do Governo Federal.
 
Museu de Pesca - Escola de Aprendizes Marinheiros – Década de 1910

A edificação que abrigava essa Escola de Aprendizes-Marinheiros foi adquirida pelo Governo de São Paulo e passou então a abrigar a Escola de Pesca (que já funcionava no Guarujá desde 1928) e que, em 1932, passou a se denominar “Instituto de Pesca Marítima”. Esse Instituto foi transferido para o grande prédio em Santos em 1933.
Um Gabinete de História Natural, ligado à então Escola de Pesca, é que dá início à história do Museu de Pesca. O antigo Gabinete veio do Guarujá, crescendo lentamente, mas sem uma linha definida de trabalho. Na época, o acervo se constituía de material reunido indiscriminadamente, resultante de doações, e alguns trabalhos elaborados por funcionários da própria Instituição.
No começo, o material existente se distribuía por apenas uma sala da parte superior do prédio do atual Museu. Já, em 1936, passava para uma sala da mesma ala, mais ampla, onde se improvisaram estantes. Em 1939 as estantes foram substituídas por armários mais adequados (na época).
A grande transformação do Gabinete ocorreu em 1942, com a montagem do esqueleto de um exemplar de baleia que havia encalhado em uma praia de Peruíbe (litoral Sul do Estado de São Paulo). Para a exposição do esqueleto, derrubaram-se as paredes divisórias de três salas. Outras dependências do Gabinete também foram ampliadas, reunindo coleções de conchas, corais, peixes, aves marinhas etc. Nesse mesmo ano, o Gabinete ganhou extra-oficialmente a denominação de "Museu de História Natural".
Esqueleto de baleia-fin Balaenoptera physalus

Em 29 de junho de 1948 irrompeu um incêndio no novo edifício do Instituto de Pesca Marítima (onde atualmente está instalado o Centro APTA do Pescado Marinho), não restando outra alternativa senão a transferência dos serviços da Instituição para as salas de exposição do Museu. Tal acidente ocasionou a destruição e perda de várias peças de valor, devido ao amontoamento indiscriminado do acervo para liberação de espaço. Até que a vida do Instituto retomasse a normalidade, houve total desinteresse pela reorganização do Museu, que ficou desativado por algum tempo.
É de se reconhecer que o "Museu" não poderia permanecer sem um objetivo claro, como também não deveria se constituir de peças não condizentes com as finalidades do órgão a que estava subordinado. Havia aves marinhas e terrestres, diferentes animais de pelo, jacarés, lagartos etc., um começo voltado mais ao ensino no Gabinete de História Natural que lhe deu origem.
Assim, em 6 de fevereiro de 1950 foi instituído um legítimo Museu de Pesca com objetivos técnico-culturais e turísticos e relacionado diretamente com as finalidades do órgão a que estava subordinado.
Em 29 de junho de 1966, Dia do Pescador, pouco antes de sua aposentadoria no serviço público, o Médico Veterinário Joaquim Ribeiro de Moraes, Diretor do Instituto de Pesca Marítima (1950-1960), inaugurou no Museu, em solenidade própria da data, o retrato de Manoel do Nascimento Júnior, em uma homenagem aos seus trabalhos, desenvolvidos no jornal "A Tribuna" de Santos, em defesa da pesca, da cidade e do Instituto de Pesca Marítima. A partir desse dia, o Museu passou a ser denominado oficiosamente "Museu de Pesca Manoel do Nascimento Júnior". É importante acrescentar, porém, que se desconhece qualquer documento que comprove oficialmente tal denominação, sendo isto hoje apenas uma curiosidade histórica.
Em 1969, o Instituto de Pesca Marítima passou a ser uma das unidades do recém criado Instituto de Pesca, com unidades em diferentes cidades do Estado, e a denominar-se Divisão de Pesca Marítima (DPM). A partir da mesma época foi que o Museu tornou-se uma unidade administrativa dentro do organograma da DPM, e, em 1972, ganhou dois anexos: um auditório e um laboratório de taxidermia.
Porém, desde a sua inauguração em 1909 até o começo da década de 1970 o prédio passou por muitas alterações em seu projeto original. Por esta razão, o Governo do Estado resolveu realizar uma restauração do antigo edifício retornando-o à sua condição primeira. Dentre muitas estruturas refeitas, dois retornos foram marcantes: uma das escadas laterais em caracol que havia sido retirada e as janelas do andar superior que haviam sido substituídas por vitrôs. Essa restauração durou quatro anos, de 1974 a 1978, durante a qual o Museu permaneceu fechado.
E, infelizmente, foi por pouco tempo que o Museu ficou aberto servindo a seu público, pois já em 1987 ele foi novamente interditado. Isto porque, um furtivo ataque de cupins fragilizando estruturas do vigamento do telhado dos sanitários e do prédio principal obrigou o seu fechamento por oferecer risco à vida. E um problema de telhado, por falta de continuidade das obras de recuperação, alastrou-se para os pisos e outras estruturas e o Museu permaneceu longe de seu público, deixando de encantar gerações, por onze longos anos. Foi reaberto apenas em 1998.
Na área pedagógica, até o final da década de 1980, o Museu mantinha, por meio de seu "Serviço Educativo", várias atividades voltadas diretamente a crianças, jovens e professores, utilizando diferentes recursos para a transmissão de conhecimentos, quais sejam: cursos e palestras, orientação a pesquisas escolares, estudos do meio (a partir de observações "in loco" do ambiente marinho e de seus habitantes), museu itinerante etc. Mantinha também o "Laboratório de Taxidermia e Técnicas Afins", como unidade destinada à manutenção e expansão do acervo museal, e onde interessados podiam receber treinamento na área.
O Museu de Pesca é importante como veículo de divulgação científica na área de pesca e aquicultura e como atração turística, características essas que assumem maior importância ainda em função do reduzido número de entidades do gênero existentes no País.
Desde a sua reabertura em 1998, muitos percalços foram enfrentados pelas diferentes e sempre pequeníssimas equipes do Museu. A equipe atual busca, via parcerias, retomar essas atividades de educação não formal, e de estímulo à criatividade e ao respeito à Natureza, essenciais para que a Instituição cumpra seus objetivos.
Em relação ao Museu de Pesca: seu prédio, suas reformas e restauros; as filosofias de trabalho assumidas em diferentes períodos; aqueles que a ele se dedicaram e que vão se aposentando e mesmo se retirando da vida; os vários ciclos de seu acervo, sempre observados pela grande ossada de baleia, existem muitos meandros a serem resgatados, iluminados, trazendo à luz uma belíssima história que precisa ser contada enquanto ainda sobrevivem alguns registros, sejam documentais, sejam na memória de quem participou da vida da Instituição, por dias ou décadas.
Ainda que escondido neste site, discreto e silencioso, fica aqui um desafio a algum leitor com veia de historiador: resgate e ilumine a história do Museu de Pesca.
* Para mais detalhes deve-se também buscar a leitura do pequeno grande livro do jornalista e historiador J. Muniz Jr. “De Escola de Aprendizes a Museu de Pesca”, de onde foi retirada a maioria das informações que constituem este texto.

2 comentários:

  1. O Museu de pesca de Santos, faz parte da minha vida e acredito eu de grande parte dos santistas. Depois de muitos anos estive hoje em visita ao museu e fiquei agradavelmente surpreso com a organização e conservação do acervo e da edificação. A ossada da baleia realmente impressiona. Vale a pena visitar. A entrada é grátis para idosos.

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